Para quem já nos tem seguido por aqui, antes de apresentar as atividades vou ter de falar na mudança que fizemos na nossa cozinha. Não passaram muitas semanas após a mega revolução e a cozinha como estava preparada até se podia ter aguentado mais umas semanas no mesmo formato pois, estava a "funcionar", ou seja, o pequeno dinossauro continuava interessado em brincar na cozinha e com os materiais disponíveis (a maioria).
Para quem não leu o post anterior, deixo aqui o link:
No entanto, como queria preparar algumas atividades da Vida Prática (de tabuleiro/exercícios) para ele, de forma a marcar a chegada do Outono, o espaço ideal para isso seria mesmo o da cozinha de brincar. Deixei algumas das coisas que estavam anteriormente na cozinha, reorganizei outras e guardei as restantes para dar espaço aos exercícios.
Deixo aqui algumas fotos do look novo da cozinha de brincar (seta para deslizar). Escolhi algumas cores típicas de Outono (amarelo, laranja e vermelho), bem como elementos da natureza característicos desta estação do ano (abóbora, girassóis, nozes).
Posso dizer que o dinossauro adorou, ele adora sempre que vê estantes reorganizadas pois sabe que há novidades e atividades novas para fazer com a mãe. Note-se, o Método Montessori prima pela autonomia das crianças, quer na escolha das atividades disponíveis nas estantes, quer na sua utilização/execução e é o que acontece num ambiente escolar montessoriano.
No entanto, em casa não é bem assim, pelo menos na nossa, não é. Aqui as atividades são para ser feitas em conjunto, estão disponíveis para o pequeno dinossauro poder escolher fazê-las a qualquer hora do dia mas, ele prefere fazê-las com a mãe.
É ele que escolhe o que pretende fazer (por vezes pergunto qual a atividade que ele quer fazer ou sugestiono questionando se quer fazer determinada atividade) e, dependendo da atividade, ou executa sozinho ou pede para eu lhe mostrar como se faz ou fazemos em conjunto.
Em momentos que não posso estar a fazer atividades ou brincar com ele, tipicamente, brinca com as suas figuras de animais, na cozinha, na quinta ou outro tipo de brincadeiras semelhantes. Essas brincadeiras são escolhidas por ele naturalmente, não interfiro em nada, simplesmente estou ocupada com as minhas tarefas e ele ocupa-se com as dele (brincar!).
Esta conversa toda tem o intuito de alertar os pais/mães que tencionam preparar um ambiente rico em atividades para os filhos na esperança de que eles se entretenham sozinhos, inspirados naquilo que vão vendo/lendo pela internet fora.
O ambiente preparado é importantíssimo sim, as atividades são importantes mas, o vínculo pais-filhos é a "massa" que une a aprendizagem com o ambiente e as atividades preparadas. Portanto, mais do que um ambiente preparado ou atividade xpto, fixolas, Montessori, Waldorf ou seja lá o que for, o importante mesmo, é o adulto disponível.
Vamos deixar de paleio e passar às atividades. Começo por dizer que nenhuma das atividades que irei apresentar é da minha autoria, algumas são inspiradas em atividades de tabuleiro da Vida prática presentes em escolas Montessori outras, são fruto de pesquisa de blogs de outras mães que seguem o Método Montessori. Acabam todas por ter algum cunho pessoal pelos materiais utilizados mas não no conceito/formato de base. São as minhas variações da coisa, digamos assim.
Atividades 1 e 2 - Transferências de "semi-sólidos" com recurso a colher
Bem, "semi-sólidos", aqui está uma variante à le Cláudia, porque em vez de usar os típicos materiais sólidos neste tipo de exercício (arroz, bolinhas, grãos, etc) usei aquelas bolinhas que incham com água (nunca descobri o nome) e que ficam meio gelatinosas.
Escolhi usar estas bolinhas porque temos usado imenso desde os 14 ou 16 meses do pequeno dinossauro e têm sido sempre um sucesso (são excelentes materiais sensoriais para trabalhar com os bebés, sempre com o máximo de cautela para evitar a ingestão indesejada). O outro motivo foi uma tentativa de aumentar o grau de dificuldade por serem mais escorregadias (não foi assim tão difícil mas foi diferente o suficiente para se tornar interessante para o pequeno).
Atividade 1 - Transferência com colher de bolinhas amarelas (e às vezes com as mãos).
Esta foi experimentada diretamente na estante e no dia seguinte repetida na mesa de trabalho.
Este tipo de atividade de transferência pode ser feito a partir mais ou menos dos 18 meses de idade (podem experimentar antes, até, mas sem grandes expectativas), começando apenas com as taças e materiais sólidos, tendo em conta a necessidade de vigilância por parte do adulto. Mais tarde, quando esta atividade for bastante familiar e executada com interesse, poderão então adicionar a colher e, depois a pinça, aumentando progressivamente o grau de dificuldade.
Inicialmente o objetivo será o treino da transferência de uma taça para outra, da esquerda para a direita e no desenvolvimento do movimento de pinça com os dedos (ideal usar arroz ou outro material pequeno que estimule este movimento).
Atividade 2 - Transferência com colher de bolinhas vermelhas (gigantes).
Esta variante "obriga" a uma maior concentração na transferência, e na minha perceção, pode de forma indireta potenciar o processo de contagem.
Atividade 3 - Enfeitar uma árvore de madeira com motivos de outono
Esta atividade consiste em enfeitar uma "árvore de madeira" (não faço ideia para que serve o objeto no seu formato original), com artigos que remetam à estação do ano, neste caso Outono.
Os materiais disponibilizados para o efeito foram as peças de enfiamento do jogo da Melissa& doug (link em baixo), e umas molas de madeira onde colei uns girassóis. Praticamente todos os materiais foram adquiridos nas lojas chinesas, tirando as peças do jogo. O dinossauro decidiu usar apenas as molas com os seus tão recente amados girassóis e, no final, não quis retirá-los da árvore, colocando a árvore enfeitada na estante.
Melissa & Doug - Enlaçar Formas Básicas:
Atividades 4 e 5 - Mistura de Cores para obter cor de laranja e transferência de líquidos com pipeta.
Bem, começo por dizer que a mistura de cores não correu como o esperado, o laranja que pretendia obter revelou-se vermelho. Julgo que a proporção da mistura não terá sido a ideal. Mas ficou a experiência da mistura e remediámos adicionando tinta amarela na atividade seguinte.
Para a mistura usei corante amarelo e vermelho, água e detergente da louça (tal como as tintas espuma que fizemos recentemente https://www.parentingadinosaur.com/post/como-fazer-tinta-de-espuma ).
A Atividade 5 consiste em transferir o líquido da taça para o outro recipiente com divisões, com o auxílio da pipeta. Simples, não é?
Atividade 6 - Preparação para bordar
Esta atividade consiste em entrelaçar as fitas na estrutura metálica e acaba por ser uma atividade de preparação para os bordados. Bordar não é muito a minha onda mas é uma atividade muito enriquecedora em termos de competências adquiridas, seja na concentração, seja em termos de motricidade fina e precisão.
Não correu de acordo com o pretendido, o pequeno dinossauro ainda não estava preparado para executar esta atividade. No entanto, demonstrou bastante interesse na mesma, pedindo para eu continuar a demonstrar e ainda criticou no final para eu não deixar fitinhas a sobrar. O resultado final transformou-se na caminha para a "gazela bebé", uma figura de animal daquelas mais rosqueiras que ele insiste ser uma gazela bebé, sabendo que é uma cria de veado (coisas de dinossauro).
Voltarei a apresentar esta atividade daqui a uns tempos (semanas), para que ele não perca a oportunidade de treino e para verificar se já está preparado para a mesma, entretanto, até porque manifestou interesse. Irá ficar disponível até nova troca de atividades.
Atividade 7 - Enfiamento de palhinhas
Esta atividade é um espetáculo, devemos agradecer ao génio que a inventou. Tão simples de preparar e sem custo associado, praticamente. É uma atividade para bebés a partir dos 14/16 meses (aqui começou a ser executada com interesse a partir dos 16 meses), promove imensas competências (concentração, coordenação olho-mão, motricidade fina) e os bebés e crianças adoram.
Cheguei a pensar que esta atividade seria apenas para bebés mas após a levar ao Festival das Cores (https://www.facebook.com/ArteCorGeracaOficial ), em Vila Nova de Santo André e verificar que crianças mais velhas interessavam-se pela novidade e completavam a atividade, ocorreu-me levá-la mais tarde à escolinha do pequeno (sala 3-6 anos) e, de facto, esta atividade faz sucesso também com crianças mais velhas.
Este é mais um dos exemplos em que descubro a utilidade de um determinado utensílio de cozinha após o adquirir para fazer atividades com o pequeno (afinal serve para colocar os talheres). As palhinhas são de papel, de forma a minimizar os impactes ambientais. Experimentem, vale a pena!
Grande parte das atividades aqui mostradas foram de fácil execução, no entanto, apesar disso, o dinossauro demonstrou interesse em executá-las e, como tal, iremos continuar a treinar esse tipo de atividades até perda de interesse.
Apesar das atividades em si não constituírem um desafio, as competências de, concentração, coordenação olho-mão, motricidade fina, fortalecimento dos dedos, mãos e pulso, e outras de preparação para a escrita estão a ser desenvolvidas, treinadas e aperfeiçoadas.
Este é o ponto que pretendo encerrar este post. Não é porque uma criança já executa bem uma tarefa/exercício que deixa de fazer sentido apresentá-la (sempre com um toque de criatividade para dar novidade e despertar o interesse), porque a prática, a repetição do que já foi aprendido anteriormente são importantíssimos não só pelo aperfeiçoamento das aprendizagens ou competências como também pelo sentimento de capacidade que confere à criança.
Tinha mais algumas atividades para partilhar convosco mas o post estava a ficar demasiado extenso, pelo que deixei as restantes para o próximo post. Se gostaram deste, fiquem atentos ao próximo que, sairá já de seguida!
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